quarta-feira, 23 de novembro de 2011

SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

                                                 
                                               IDENTIDADE CULTURAL  
QUILOMBO DE PITANGA DE PALMARES SIMÕES FILHO-BA


                                                        QUILOMBO LIVRE               
A identidade cultural é entendida aqui como o conjunto de elementos que configuram a fisionomia de um determinado território, elementos esses que resultam do processo sócio-histórico de ocupação da região, das suas tecnologias produtivas, formas de sociabilidade, convívio e produção material e imaterial. Integram esse vasto mosaico da ação humana nesses ambientes os patrimônios histórico, artístico, cultural e ambiental.
Tal identidade é entendida não como um conceito museológico, estático, mas como um vivo e regular processo de intercâmbio, de trocas e assimilações, resultando no sincretismo que carrega, de um lado para o outro, de uma região para outra, pessoas e signos que se aculturam, refazem e ressurgem ao lado de expressões tradicionais em seus novos espaços de inserção.
Nesse sentido, mais apropriado seria falar de sincretismo e pluralidade cultural, uma vez que tais conceitos permitem entender a cultura regional – e a realidade de cada município que a integra mais ou menos organicamente – como parte de um complexo e diversificado mosaico que interage e promove trocas simbólicas entre as suas variantes e subvariantes, dentro do próprio território e nas franjas das suas fronteiras.
A delimitação geográfica, política e administrativa não encontra no campo cultural correspondência cartográfica imediata. Áreas culturais não são delimitáveis com tanta facilidade como burocrática e administrativamente se delimitam territórios físicos. As fronteiras fluidas e movediças da cultura não são facilmente apreendidas, o que quer dizer que a dimensão simbólica da vida social não é redutível a um mapeamento de prancheta.
Por tudo isso, é indispensável que, ao se caracterizar um território dado, se leve em consideração a sua formação histórica, a contribuição dos mais importantes grupos populacionais à ocupação do ambiente e as suas correspondentes expressões culturais, religiosas e artísticas que tipificam esses núcleos mais ou menos complexos. É igualmente importante que a pesquisa a ser feita contemple a historiografia regional em suas variadas manifestações – acadêmicas ou não -, dialogue com personagens representativos da vida social de cada território e/ou município, no intento de captar com a máxima fidelidade possível a riqueza da complexidade local, a paisagem física e humana de sua área de abrangência, de tal forma que se possa ter da unidade observada (território ou município) uma impressão o mais próximo possível da sua fisionomia identitária.
O caminho para isso é pensar os contextos locais em termos diacrônicos e específicos, que vivenciam diferentes ritmos históricos marcados por distintos atores sociais que pontuam a diversidade da cultura baiana. Cultura que, sendo singular, nunca foi uma realidade antropológica homogênea, nem muito menos uma realidade fechada em si mesma e isolada do resto do sistema cultural brasileiro.

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